Marina de Cássia Marchini
Doutoranda
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas/PUC-Campinas, com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES. Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas/PUC-Campinas (2021-2023) com financiamento pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES.
Pesquisadora do Grupo de Pesquisa: Estudos Urbanos: Cultura e Arquitetura - EU:CA. Especialização em Gerenciamento de Obras e Qualidade da Construção Civil pela Metrocamp Wyden (2018). Treinamento técnico (TT-3) na Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP (2010) com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2005). Área de atuação: Preservação e desenvolvimento territorial rural e urbano.
Pesquisa Atual
Festividades rurais na Paisagem Cultural canavieira no Vale do Rio Piracicaba, SP
O município de Piracicaba, localizado no centro do Estado de São Paulo, tem posição privilegiada e se destaca pela agroindústria, diversidade cultural, industrialização e metropolização. Historicamente, no período imperial, a produção açucareira do município se intensificou na região do tradicional “Quadrilátero do Açúcar”, onde a cana-de-açúcar encontrou condições favoráveis de solo e clima, se destacando como reduto tradicional de monocultura. O território rural piracicabano sofreu transformações históricas significativas nos campos da economia e sociedade, que contribuíram para a formação da paisagem cultural canavieira refletindo o desenvolvimento tecnológico atual do setor sucroenergético e do agronegócio. No território rural, as práticas da agricultura canavieira sofreram transformações que colaboram para a formação do patrimônio material, imaterial e ambiental que compõem a identidade territorial local e conectam a cidade ao campo. Quanto ao patrimônio ambiental podemos citar: córregos, rios, lagos, matas ciliares e animais silvestres. Quanto ao patrimônio material, identificou-se os seus conjuntos arquitetônicos tais como: bairros rurais, propriedade rural, habitações, edifícios comerciais, educacionais e religiosos. No patrimônio imaterial associado aos modos de vida na cultura caipira, identificou-se: saberes populares, folclore, festas e gastronomia. Os remanescentes do patrimônio material constituídos desde as últimas décadas do século XIX, período em que a cultura canavieira favoreceu a implantação de diversos bairros rurais, constituído por um núcleo administrativo que possui uma capela que organiza as habitações e os serviços no seu entorno. Os bairros rurais guardam e afirmam a identidade, a memória local com sua cultura caipira, destacam-se as suas festividades, os modos de ser e viver e preservam a relação do homem com a terra. Os remanescentes dos bairros rurais e seus patrimônios resistem aos diversos conflitos de interesses municipais, empresariais e sociais, o que vêm colocando em risco a sua preservação. Os bairros encontram-se ameaçados pelos avanços do território urbano sobre o rural e pelos avanços da agroindústria que ameaçam sua existência. Visando investigar a relação do território com as festividades, o objetivo dessa tese é analisar a importância das festividades religiosas, laicas e atividades de lazer na preservação territorial dos bairros rurais que estão circunscritos pela agroindústria canavieira do município de Piracicaba. O processo investigativo se deu por meio de método empírico observacional e participativo na coleta de informações das festividades tradicionais dos bairros rurais de Tupi, Tanquinho e Monte Alegre. O bairro rural de Tupi tem sua origem ligada à construção da estação ferroviária. A paroquia São José de Tupi mantém juntamente com a comunidade, um calendário festivo sendo a sua principal atração, a Festa de São João de Tupi. O bairro Tanquinho tem sua origem ligada ao ponto de parada para descanso e alimentação dos viajantes e animais, que faziam o trajeto entre as cidades de Piracicaba e Rio Claro. O bairro conta com o Centro Rural de Tanquinho que oferece serviços educacionais, saúde e lazer, além de se destacar pela tradicional Festa do Milho de Tanquinho. Por fim, o bairro Monte Alegre teve sua origem ligada a produção de cana-de-açúcar, onde os remanescentes do seu conjunto arquitetônico e histórico é de domínio particular e está tombando pelos órgãos municipais e estaduais. O processo investigativo inicia-se pelo levantamento da literatura sobre a influência do pensamento francês os modos de pensar o território paulista, no início do século XX até a década de 1960. Simultaneamente, realizou-se um levantamento das festividades nos bairros rurais, com o objetivo de classificá-las em: festejos religiosos, festas laicas e atividades de lazer. Em seguida, realizou-se o levantamento de campo com o objetivo de fotografar, acompanhar, participar e observar as festividades nos bairros rurais em foco, analisando integração social e mudanças no território. As mais significativas foram: no bairro Tupi, a Festa de São João de Tupi; no bairro Tanquinho, a Festa do Milho de Tanquinho; e no bairro Monte Alegre, foram registradas atividades sociais. Foram levantadas informações sobre as festividades e postagens das comunidades nas plataformas digitais (Instagram, Facebook, WhatsApp etc.) com o objetivo de complementar as informações de campo e informações sobre a interações sociais, divulgação e coleta de informações dos eventos cotidianos. Para auxiliar na análise territorial, realizou-se levantamento cartográfico onde foram identificados diversos mapas, plantas e desenhos do território paulista e do município de Piracicaba no início do século XIX e metade do século XX, e realizou-se a elaboração de plantas temáticas, além do suporte a análise territorial realizou-se levantamento iconográfico obtendo fotografias de diversos períodos e lugares. Com essa pesquisa, pretende-se contribuir com a formulação de estudos locais sobre Paisagens Cultural, Urbanismo, Conservação do Patrimônio Ambiental, Material e Imaterial, considerando a importância desses traços como subsídios às políticas de planejamento urbano e regional. Parte-se do pressuposto de que a preservação das condições de habitabilidade no território envolve o desenvolvimento econômico que agregue valores ao bem comum, com políticas públicas articuladas que integram o território urbano e rural. Considera-se que o êxito de projetos de intervenções territoriais perpassa o respeito ao homem simples e sua cultura, manifesta nos patrimônios material, imaterial, cultural e ambiental, valores que sustentam o sentido de lugar.


